Evento reuniu em torno de 300 pessoas no Sindilojas Gravataí.
Com o tema “Brasil 2023: para onde estamos indo”, a 1ª edição do Giro pelo Rio Grande de 2023 reuniu cerca de 300 pessoas no Sindilojas Gravataí, no dia 30 de março. Promovido pela Fecomércio-RS, o evento promoveu um debate sobre o novo governo, o cenário político-econômico e contou com a participação do cientista político, Fernando Schuler e do consultor econômico, Marcelo Portugal. Os painelistas foram mediados pelo presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, e pelo economista e gerente de Relações Governamentais da Federação, Lucas Schifino.
Na abertura do encontro, o vice-presidente da Federação e presidente do Sindilojas Gravataí, José Nivaldo da Rosa, destacou a importância de momentos que proporcionem a reflexão e a análise do contexto do País.
O painel iniciou com o economista Marcelo Portugal falando sobre os desafios econômicos do Brasil. A curto prazo, é necessário combater a inflação. “Embora ela já tenha recuado, ela ainda é um problema. Se falarmos a longo prazo, o nosso principal entrave é a desaceleração do crescimento econômico”. Portugal fez um resgate histórico e lembrou que até os anos 80, o Brasil diminuiu o seu ritmo de crescimento em relação a outros países e começou a ficar para trás. “O que precisamos fazer é voltar a crescer em um ritmo rápido”. Entre 1980 e 2019, o PIB per capita do Brasil cresceu 34%. Neste mesmo período, na América Latina o crescimento foi de 74%, nos EUA 95% e no sudeste asiático, 342%.
Analisando a taxa anual de crescimento do PIB em 2022, houve um avanço em termos reais em comparação a 2021, porém devemos esperar uma desaceleração em 2023, com um crescimento próximo a 1%. Outro aspecto trazido pelo economista, foi a questão do agronegócio que no País, com exceção do Rio Grande do Sul, terá um recorde de safra, o que deve impactar positivamente no PIB. Para finalizar, Portugal trouxe para o debate, o que acredita ser a chave para o desenvolvimento do Brasil. “O grande desafio é crescer de forma continuada, ao longo do tempo. E isso não é o que acontece hoje. Para isso, precisamos de reformas que aumentem a produtividade da economia, tanto no setor privado quanto, e principalmente, no setor público”.
A reforma tributária, a privatização e a abertura da economia à competição externa foram citadas pelo consultor. “O nosso principal problema é a baixa produtividade. Uma reforma trabalhista no setor público, substituindo Regime Jurídico de servidores públicos pela CLT, por exemplo; a privatização em larga escala; a separação entre produção e provisão de bens públicos e o aumento de produtividade no setor privado são pontos fundamentais para buscarmos o crescimento”, explica.
“Dois Brasis”
O cientista político, Fernando Schuler, não acredita em projeções positivas para 2023. Ele relembra que saímos de um superávit, com importantes avanços como o Teto, a reforma da Previdência, a reforma trabalhista, a Lei da Agências Reguladoras, a Lei das Estatais, a Lei das Terceirizações, a Lei da Liberdade Econômica, a autonomia do Banco Central, o marco do Saneamento, a Lei da cabotagem – BR do Mar, a Lei do Gás, o Marco das Ferrovias e a privatização da Eletrobrás. Porém, o Brasil é um país dividido, tem dois blocos que pensam exatamente o contrário. “O Brasil é o país do zigue-zague. Quebramos em 2015/2016 por irresponsabilidade fiscal, mas depois tivemos decisões que resultaram em importantes reformas. Mas a grande questão é que temos ‘dois Brasis’. Temos um país dividido, com dois blocos: um a favor das reformas e outro totalmente contra. Como lidar com isso?”.
Schuller ainda destacou que temos muitos problemas, enfatizando a disputa entre os poderes e, principalmente, a intervenção do judiciário, citando como exemplo a Lei das Estatais. “A Lei das Estatais foi justamente feita para impedir que as estatais virassem moedas de troca políticas, priorizando uma boa gestão”, explica.
Para finalizar, o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, agradeceu a presença do público e falou sobre o importante papel da Federação na defesa dos interesses e desenvolvimento do setor terciário. “O cenário não parece favorável, mas não podemos desanimar e deixar de acreditar no nosso Estado e no nosso País. Estaremos vigilantes, sempre ouvindo os nossos sindicatos e suas necessidades. Contamos com todos vocês”.
Sobre o Giro pelo Rio Grande
O objetivo é do evento é apresentar os posicionamentos da entidade frente à realidade do Brasil e debater com a sociedade gaúcha formas de melhorar o Brasil e o Rio Grande do Sul. Confira abaixo, as demais cidades por onde o Giro Pelo Rio Grande irá passar e as respectivas datas:
16/5 – Lajeado
27/7 – Caxias do Sul
1º/8 – Pelotas
28/9 – Ijuí17/10 – Uruguaiana
Para mais informações acesse www.fecomercio-rs.org.br/giropeloriogrande.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Sistema Fecomércio-RS.
Crédito/Foto: Marlon Müller